A cidade catarinense de Porto Belo foi “descoberta” há 500 anos, segundo escritor alemão.

Escrito por Antonio Carlos Lopes

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Segundo o escritor alemão Dieter Hans Bruno Kohl há 500 anos uma expedição marítima espanhola, comandada pelo navegador português Juan Dias de Solís, se abrigou e abasteceu em 1516 nas águas da Baía de Porto Belo. A tese é baseada em relatos da viagem de Solís presentes em arquivos espanhóis e defendida pelo autor na nova edição do livro “Porto Belo – Sua História, Sua Gente“.

Porto Belo é uma cidade catarinense distante 50 quilômetros ao norte de Florianópolis. Situada na única península no Sul do Brasil, tem uma população de 18.000 habitantes e delimita uma enseada de águas calmas e abrigadas chamada de Baía de Porto Belo ou Enseada das Garoupas. Recebeu o título de Capital Catarinense dos Transatlânticos, pois nos últimos 15 anos é o principal ponto de parada de navios de cruzeiros no estado.

A Baía de Porto Belo é ampla, abrigada dos principais ventos incidentes na região, possui fundo arenoso e profundidade que permite o fundeio de grandes navios. É presença constante em relatos de navegadores desde o século XVI, onde é citada como ponto de abastecimento e “aguada”. Já foi palco de episódios históricos curiosos. Em 1777 uma esquadra portuguesa, comandada pelo Almirante Irlandês Robert McDouall, buscou refúgio no interior da baia quando fugia de uma esquadra espanhola 10 vezes maior. O esconderijo funcionou, a esquadra espanhola não encontrou os portugueses e partiu para conquistar Florianópolis. A esquadra portuguesa, incólume, foi para o Rio de Janeiro, então capital brasileira, onde o comandante McDouall foi preso, acusado de não cumprir ordens e não dar combate aos espanhóis. McDouall considerou a baia tão segura como se fosse uma caixa forte, uma “caixa d’aço”.

Dieter nasceu na Alemanha e vive há 32 anos em Porto Belo. Depois de um trabalho de pesquisa, anterior a popularização da Internet, lançou em fevereiro de 1987 a primeira edição do livro “Porto Belo – Sua História, Sua Gente”. Em 2005, após visitas ao acervo do Museu Nacional no Rio de Janeiro, arquivos da diocese de Florianópolis e outros arquivos, o autor lançou a segunda edição. Como nunca parou de pesquisar, Dieter se deparou com informações sobre a expedição de Solís. Entre os vários pontos de paradas da expedição há uma clara referência a uma baia situada a 27º Sul, chamada pelo navegador de Baía de Los Perdidos, exatamente a posição de Porto Belo. Com a aproximação dos 500 anos desta expedição, amparado pelo acúmulo de pesquisas e informações, em 2015 o autor publicou uma Edição Comemorativa onde defende esta tese.

O navegador Português Juan Diaz de Solís, ou João Dias de Solís, era um piloto renomado da armada portuguesa quando foi acusado de matar a esposa. Fugindo de Portugal passou a servir a Coroa de Castela, para ensinar aos pilotos espanhois o uso do astrolábio, de que era o maior perito da época, chegando ao cargo de Piloto Mór da Casa de Contratação. Em 1515 partiu de San Lucár de Barrameda, em direção à América do Sul, no comando de uma expedição com três embarcações. A frota tocou vários pontos do território brasileiro, inclusive uma enseada a 27º S que Solís chamou de “Baia de Los Perdidos”. Depois seguiu para a costa do atual Uruguay e Argentina. Adentra o Rio da Prata, do qual é considerado o descobridor, e faz contato com tribos autóctones. Em um destes contatos Solís morre e é comido pelos indíos. A expedição segue sem o comandante.

Segundo Dieter, o que primeiro lhe chamou a atenção foi o relato de Antonio de Herrera, (1549 – 1624) cronista oficial da Corte Espanhola, que registrou a viagem de Solis:

“Chegaram ao Rio de Genero, na costa do Brasil, que acharam em vinte e dois graus e um terço da Equinocial ao sul: e desde este rio, até o Cabo de Natividade, é costa de nordeste-sudoeste, e acharam terra baixa que sai bem ao mar: não pararam até o rio dos Inocentes, que está em 23 graus redondos; e daqui tomaram a rota para a ilha que chamaram da Prata, fazendo o caminho do Sudeste e surgiram em uma terra que está em 27 graus da linha, à qual chamou Juan Diaz de Solís, a Bahia dos Perdidos. Passaram o Cabo das Correntes, e foram surgir em uma terra em 29 graus, e correram dando vista à ilha de São Sebastião de Cádiz, onde estão outras três ilhas, que chamaram dos Lobos, e dentro do porto de Nossa Senhora da Candelária, que acharam em 35 graus: e aqui tomaram posse pela Cora de Castela; surgiram no Rio dos Patos, em 34 graus e um terço, chamaram Mar Doce, que pareceu depois ser o rio que hoje chamam da Prata, e então chamaram de Solís.”

Não deixa de ser curioso que a mesma hipótese já foi aventada no distante ano de 1816. O correspondente da Academia Real de Ciências Paulo Jozé Miguel de Brito, no livro “Memória Política Sobre a Capitania de Santa Catharina, Escripta no Rio de Janeiro” diz sobre o local onde Sólis fundeou:

“… quero conceder que Solís fundeasse exatamente em lugar situado a latitude 27º00’00”: se assim aconteceo, fundeou na Enseada das Garoupas, unico lugar para o norte da Ilha de Santa Catarina até o Rio de S. Francisco, a que Solís podia dar o nome de baía…”

 

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Para ter mais informações sobre a pesquisa de Dieter Kohl é possível adquirir o livro “Porto Belo – Sua História, Sua Gente” nas principais livrarias locais. Ou entrar em contato direto com o autor pelo e-mail: dieterhansster@gmail.com 

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