Minha experiência com a Ova de Tainha, o Caviar de Bombinhas

Escrito por Ana Caroline Souto

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As tradições culinárias de Bombinhas sempre me instigaram desde criança. As reuniões familiares além de acompanhadas de uma boa conversa, sempre tinham um propósito: levar um bom alimento a mesa.

O mais interessante de tudo, é que esse alimento não era retirado direto das prateleiras do supermercado como atualmente, pelo contrario, era tudo cultivado nos terrenos de casa, com hortas bem coloridas e, da praia vinha o maior sustento: os pescados, onde a protagonista era a Tainha.

Além de estar muito presente nas refeições, a pesca da Tainha era a maior fonte de renda dos moradores Bombinenses. Eles se preparavam o ano inteiro, com suas gigantes redes, canoas de um pau só e todas suas habilidades herdadas de gerações. Era muita fartura, para pouca mão de obra em uma determinada época do ano, então para manter esse sustento nos próximos meses, era preciso métodos para a conservação dos mesmos. A dificuldade é que nessa época, não existia freezers, geladeiras e muito menos câmaras frias, que era o mais ideal para tanta quantidade.

Tudo era fabricado de forma artesanal, e para conservar os alimentos não poderia ser diferente. Era produzido uma espécie de “secador” de peixes, que era exposto ao sol, com redes para não ter a contaminação de insetos.

Da Tainha tudo era aproveitado, assim como seus miúdos e um dos ingredientes mais cobiçados atualmente: sua Ova, que naquela época, era fonte de uma alimentação tradicional do dia a dia.

Após bem lavada e retirada com cuidado para não perfurar sua pele, a ova da tainha recebia uma generosa camada de sal e exposta ao sol para ser desidratada. Esse processo se repetia em torno de 15 dias e, ao final de cada dia precisava ser tirada do secador e guardada em um local bem seco, para não ter umidade. Ao final do processo, a ova já com um tamanho bem reduzido, devido a perda do seu liquido, coloração mais forte (laranja) e com sabor mais característico já estava pronta para ser consumida.

As formas de preparações da Ova da Tainha eram variadas. Geralmente era assada na brasa, onde o defumado trazia ainda mais sabor; cozida com caldo de peixe ou ainda na preparação de farofa com miúdos para recheio da própria Tainha.

O melhor de tudo, é que tanto a tainha quanto seus agregados, vinham de forma natural para a mesa, ou seja, sem passar pelo processo de resfriamento, mudança brusca de temperatura, iluminação e transportação. Vinha da praia diretamente para mesa, fazendo seu sabor ser inigualável aos demais.

Atualmente, a ova da Tainha ou Caviar de Bombinhas é um produto de alto valor agregado e até mesmo de status para a sociedade. Ela é transportada do Brasil, diretamente para a Italia e outros países, que utilizam a Botarga (como é chamado o processo de cura) como o produto de valor de determinado local, sendo que o processo inicia aqui em nossa região. A maior riqueza sai daqui e ganha “fama” fora, através de determinados processos e embalagens que tornam esse produto ainda mais sofisticado.

Se ela for bem utilizada e aproveitada em nossa região, o valor da Ova não só de remuneração, mas sim de qualidade de produto, tornaria desse alimento “exótico” um forte atrativo culinário, apenas utilizando técnicas já utilizadas por outras gerações, que acarretariam uma nova fonte de renda e até mesmo contribuiria para identidade da região, instigando assim uma demanda comercial e de experimento para nossa cidade.

Você pode experimentar o Caviar de Bombinhas nos restaurantes da Temporada dos Prazeres.

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Bombinhas  |  Balneário Camboriú  |  Beto Carrero

2 Comentários

  1. Roseli

    Parabéns a Ana Caralina pelo excelente artigo.
    Quantas delicias o mar de Bombinhas nos proprorciona.
    Nos sentimos orgulhosos com esta iguaria.
    Provei e amei!!!

  2. GUILHERME MARIANTE

    Muito bom artigo.

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Olá, estou no site Casa do Turista, na página Minha experiência com a Ova de Tainha, o Caviar de Bombinhas e tenho a seguinte dúvida: